domingo, 8 de junho de 2008

Sou mais a Bossa!

Por Helena Luiz

Há exatos 50 anos, um grupo de jovens autores e músicos que não tinham muito o que fazer, resolveu bater papo e rabiscar umas letras de música. Podiam não ter o que fazer, mas tinham idéia do que fazer.
E este foi o grande barato e a sacada do grupo. Aqueles jovens Joyce, Tom Jobim, Elizeth Cardoso, Vinícius, João Gilberto, Nara Leão, Carlos Lyra, Walter Campos, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Sérgio Ricardo, Chico Feitosa e outros feras de 20 e poucos anos, não tinham noção da revolução que nasceria daqueles encontros: A “Bossa Nova”! Uma gíria carioca que significava algo original, inteligente e bem humorado. Era um modo, um estilo de tocar e cantar o samba no final dos anos 50 que mudou e influenciou toda uma geração de músicos.
O cenário era Copacabana, Rio de Janeiro, e, como pano de fundo, a emergência urbana do país na fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-60). Mas eles não estavam muito dispostos a discutir política, não naquele momento. A essência era apenas músical! Os shows do grupo começaram no âmbito universitário. Era os "anos dourados" que estava começando. Enquanto que uma boa parte da juventude estava descobrindo o milk-shake e a cuba-libre, uma outra estava produzindo um som harmonioso que ganhava beleza e novas possibilidades de combinação: samba-canção e música instrumental traçando o longo caminho da música popular brasileira. Exatamente isto que eles queriam, que outros ouvissem o som que estavam produzindo. Até hoje, esse som é inconfundível e aplaudido no mundo inteiro.
Músicos que faziam parte deste "universo bossa", Vinicius, Elis, Tom e outros conseguiram internacionalizar e abrir portas para nossa música. Nesses 50 anos, a bossa também perdeu nomes que foram pioneiros no grupo. Um deles foi Walter Santos, que faleceu no último dia 2 de junho. A bossa, é claro, está de luto, mas o show não pode parar. A música popular brasileira aponta rumos e deixa marcas na música deste nosso tempo confusamente moderno.
Aos imortais "bossanianos" parabéns por essas merecidas “Bodas de ouro”.

Galeria da Saudade:










0 comentários: