sábado, 29 de setembro de 2012

A Televisão completou 62 anos. Parabéns!



Há exatos 62 anos, em 18 de setembro de 1950, começava a história da TV no BrasilUma caixinha de luz branca, acinzentada, que exibia imagens em movimento - uma novidade meio confusa para os munícipes do Brasil naquele primeiro momento. Essa inovação foi crescendo, ganhando credibilidade e se tornou uma companheira inseparável dos lares brasileiros.

Somente na década de 70, com a chegada das telenovelas, a televisão começou a se impor. Com suas programações recheadas de fantasias, pequenas histórias, produções inesquecíveis, situações amorosas, corriqueiras, quase reais, e boas pitadas de dramas sociais, consegue nos enredar por suas histórias, todos os dias. Crônicas eletrônicas da vida cotidiana, risos, lágrimas, informações e entretenimento são exibidos diariamente e, a cada ano, a tevê rejuvenesce impactando o dia a dia da sociedade. 

Mesmo em face de tantas tecnologias, a televisão tem conteúdos ficcionais mesclados à realidade, que emociona-nos com a mesma intensidade que nos aborrece. Seja pela dramaturgia ou pelas notícias diárias.

A TV digital ou qualquer outra ferramenta tecnológica que surgirá no setor futurologista consagrará ainda mais esse aparelho que é pós-moderno e vive do trivial, do fragmento, do "desestetizado". Essa companheira cheia de charme, com suas telenovelas, séries e seriados, formatos esses que interatuam artes nobres, antigas, conseguiu atrair milhares de admiradores fiéis ao longo dos anos. Suas técnicas serão sempre contemporâneas. A televisão
opera a relação arte/magia/comunicação.

Nossa TV completa 62 anos e seu desafio ainda é o mesmo do dia 18 de setembro de 1950: "renovação constante".

sábado, 8 de setembro de 2012

Parabéns, Helena!


Domingo, 09 de setembro. Mais um aniversário. O tempo passa e com ele vamos ficando mais experientes. Uma coisa é certa: os anos servem para somar amizades e conhecimentos.


Conheci pessoas incríveis nos últimos anos. Não dá para contabilizar. A cada aniversário, uma nova experiência. Não reuni os amigos, e nem marquei nada com eles neste aniversário, porque não seria uma boa companhia. Tenho passado por problemas pessoais e profissionais, que me impedem de celebrar o momento como se deveria.


Mas, para o próximo ano, estou planejando algo surpreendente para meus amigos de perto e também os de longe. Minha lista está como a do “Schindler”. São muitas pessoas e, não posso correr o risco de deixar alguém de fora. É surpresa, aguardem!


Agradeço aos amigos que me enviaram mensagens e fizeram ligações.


Beijos!

terça-feira, 24 de julho de 2012

31 de Julho - Dia da MULHER Africana

Em 31 de julho comemora-se o Dia Internacional da Mulher Africana, data celebrada desde 1962, constituída em Tanzânia – Dar – Es – Salaam, na Conferência das Mulheres Africanas.


A comemoração é feita a partir das lutas e conquistas que essas mulheres vêm, ao longo dos anos, ultrapassando para conseguir visibilidade e respeito perante à sociedade.


As mulheres africanas já passaram pelo regime escravocrata, tráfico de mulheres para outros continentes; obrigatoriedade do uso de burkas em algumas regiões, mutilação genital, violência familiar e, ainda, escassez de instrução.


Depois de quase cinquenta anos de comemoração, ainda hoje as reivindicações e debates seguem a mesma linha, sobretudo, o papel da mulher na reconstrução da África. Essas mulheres buscam melhoramentos na educação, abertura no mercado de trabalho, informação, valorização, respeito, paz e democracia.


Parabéns a vocês, mulheres africanas!


Fonte do texto: http://www.feirapreta.com.br/?p=1325


Foto: Helena Vitória não é de origem africana, mas reconhece a necessidade da urgência de políticas públicas nacionais e internacionais na valorização da mulher negra.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

60 Anos da Telenovela. Viva a telenovela brasileira!

Por Helena Vitória

As telenovelas dos últimos anos foram decisivas para posicioná-las entre os principais produtos no cenário global da indústria e da cultura brasileira. "É um fenômeno de memorização de fatos, ideias, situações e personagens. A sua fonte de inspiração é uma forma, uma perspectiva de olhar para o mundo, articulando, dessa maneira, a intersecção entre a realidade e a ficção" , na perspectiva da Maria Ataíde Malcher, no livro "A Memória da Telenovela - Legitimação e gerenciamento".


Mas tão importante quanto à consolidação do seu processo de internacionalização, é a forma como a novela conduz suas tramas: foco no cotidiano, conflitos familiares, ações afetivas dos amigos, amores impossíveis... É assim, por meio do aprofundamento da relação com os diversos setores da sociedade, que a telenovela cada vez mais concretiza seu "compromisso" com as pessoas, ou seja, a simples familiaridade do telespectador com discussões bem orientadas sobre preconceitos, violência e saúde sinaliza um avanço da telenovela e da sociedade que incorpora informações, conhecimentos ou "comportamentos".

As novelas conquistam uma produção mais bem acabada e, a cada dia, evolui mais. Em 21 de dezembro de 1951, vai ao ar "Sua Vida me Pertence", a primeira novela brasileira, ainda não diária. Em 1963, na extinta TV Excelsior, às sete da noite, estreava a primeira trama diária: "2-5499 Ocupado", com Tarcísio Meira e Glória Menezes. Nesse período, surgia uma nova era para o formato na sociedade, inserindo o Brasil nas bancas de revistas, formando assim uma agenda de discussões de valores nacionais e internacionais, elevando o gênero a um papel de destaque na formação da identidade brasileira.

Na década de 60, a telenovela brasileira deixa o estilo de revista e começa a criar sua própria forma narrativa: realista e atualizada, reforçando o que foi dito acima, "foco no cotidiano".
Geralmente os folhetins são assim: um espelho dos problemas e incertezas que oprimem os personagens. No problema de cada um, uma lição de vida. E o gancho infalível é o amor impossível. Apesar do óbvio ingrediente, ele sempre funciona. Por esse ângulo, pode-se, talvez, descrever infinitamente os múltiplos recursos de que dispõe uma novela, inclusive, historiar as épocas que são correlatas suas tramas.
Leva-se em conta, que cada trama é uma narrativa e, às vezes, requer certa irreverência para contar as histórias do Brasil e do mundo, porque o produto é híbrido, próprio, peculiar, com textos ágeis e envoltos a mistérios, fazendo os folhetins garantirem boa acolhida junto ao público.

A telenovela é dona de inegável prestígio e um incontável público. Sua longa existência comprova-nos que a cada dia a vendagem de suas estórias chega com força total aos mais distantes países de culturas diversificadas.
Este fenômeno que pode parecer natural é, na realidade, o resultado de uma evolução histórica de primordial importância na cultura de um país.

E assim, tudo começou: No ar, mais um campeão de audiência!

Curiosidades:
As novelas mais vendidas:
"Terra Nostra" - 84 países,
"Escrava Isaura (Rede Globo) - 74 países;
"Laços de Família" - 66 países;"
"O Clone" - 63 países;
"Sinhá Moça" (1986) - 62 países

Fonte - curiosidades: Revista Contigo - edição especial - CGCOM/Abril - 2005

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fora de Controle

Por Helena Vitória

Parafraseando Isabela Boscov, da revista Veja: De vez em quando, mas muito de vez em quando, uma série consegue se destacar completamente no cenário da que ela é. Esse foi o caso de “Fora de Controle” exibido em quatro episódios pela Record, em maio, quando trouxe mais uma vez para a tela da TV, a questão da ética policial. Apesar da intenção dos autores, Marcilio Moraes e Gustavo Reiz, não ter sido promover tal discussão,  foi possível assistir o enredo sem tecer comentários ou, fazer algumas comparações com fatos do cotidiano veiculados nos noticiários.

Segundo o autor Marcílio, na coletiva de imprensa da emissora(http://videos.r7.com/autor-da-serie-fala-sobre-sucesso-do-projeto/idmedia/4f996614fc9b6f4f89a09f88.html), o policial/investigador dessa série foi pensado à partir dos moldes clássicos do policial da década de 10/20, de autoria de um escritor americano, que citou algumas características que devem ser pautadas nas normas de um policial: crime + investigação = solução.,

A trama teve o Rio de Janeiro como pano de fundo e girava em torno do delegado Medeiros (Milhem Cortaz), seu fiel escudeiro, o Brandão (Cláudio Gabriel) e ainda, do “amor” mal resolvido do delegado com a inspetora Clarice (Rafaella Mandelli). Os citados atores estavam maravilhosos, com um timbre perfeito em suas interpretações conseguiram contar a história que queríamos assistir. Pelo menos a mim, o seriado conseguiu seu objetivo. Sou de uma época em que assistia-se “Kojak”, um seriado americano exibido no Brasil na década de 70, no qual mostrava-nos um tenente de policia que trazia para seu distrito algumas malandragens das ruas de Nova York, escandalizando colegas da delegacia. Papel muito bem desempenhado pelo ator Telly Savalas. Lembro-me também, que gostava de ler revistas em quadrinhos que abordavam a investigação, cito: Zagor, Tex, dentre outras. Em minha casa convivia com meu irmão, que seguiu carreira militar. Daí, esse universo sempre esteve presente em minha vida diária.

Cada episódio de “Fora de Controle”, ainda com enredo diferente e mesclado a outros atores, não confundia o telespectador, muito pelo contrário, conseguia-se desvendar o mistério junto com o Medeiros e, às vezes, até "antes" dele. Uma das principais qualidades da série nasce da recusa dos autores em seguir  uma linha narrativa convencional, promovendo a interação entre os personagens de uma maneira nada ordinária. Apesar das suas fragilidades e inconstâncias enquanto seres humanos.  Eles se chocam uns com os outros e destes encontros é que surgem novos braços para a trama. A originalidade com que esse caos urbano, a violência, foi retratada, mostra-nos uma série  inteligente, pensada, elaborada, tinha um propósito e sabia exatamente onde queria chegar, exibindo a graça, a leveza e a perspicácia que ela foi construída.
Como nenhum dos personagens se revela na primeira camada e como há muitos deles para administrar, o desenrolar para seus dramas se complica em subtramas, intervenções externas e apêndices. Mas o Marcílio organiza os desfechos no “final” e, a série não se alonga em paralelismos que poderiam tirar a força das tramas centrais, deixando espaços mais resumidos para alguns dos personagens mais interessantes. E isso que é o bacana em um trabalho como esse: a organização das ideias e o conjunto da obra.

Claro que toda obra nunca é completa e tem seus altos e baixos. Porém, não me especializei em crítica de teatro, televisão, cinema ou outras mídias, por isso preferi registrar minha visão enquanto telespectadora.

Enfim, “Fora de Controle” me permitiu mexer no “controle” da TV e, conferir que a série foi excelente, focando um anti-herói fictício variando de aventuras breves sem precedentes das proezas dedicadas aos atos em prol do interesse público.

O autor da série, Marcílio Moraes, é um profissional que acompanho seu trabalho há muitos anos e, sei de sua enorme capacidade de contar boas estórias. Esse roteiro foi muito bem disciplinado e calculado dentro da sua galeria de bons trabalhos. A ele, meu muito obrigada por mais este presente.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nossa Entrevistada, Eliana Pace!

Por Helena Vitória

Transformar um país ou trabalhar no sentido de mantê-lo mais culto é tarefa para pessoas perseverantes e que valorizam o conhecimento humano. Para dar sua rica contribuição à história das letras, a paulistana Eliana Pace, jornalista, relações públicas e diretora da Pace Consultoria em Comunicação na capital paulista, atua no mercado editorial há mais de dez anos e, desde 2004, colabora com a Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo na qual apresenta aos brasileiros um projeto cujo objetivo é resgatar e preservar a memória da cultura brasileira, biografando uma personalidade do teatro, televisão, música, artes plásticas, cinema, esporte, literatura, ou de outra área de atuação, que, por meio de sua atividade, contribui com a sociedade.

Sabe-se que relatar fatos do cotidiano talvez não seja tarefa muito fácil para quem se propõe a narrá-la. Esses relatos devem ser didáticos, claros e cheios de intensidade. Assim, garante-se que o leitor chegará ao fim da história. Seguindo esse raciocínio, “mestres das palavras” costumam usar seus textos para manter viva nossa história cultural. Por esse prisma, a veterana jornalista dedica-se a essa cuidadosa elaboração, valendo-se de informações precisas numa linguagem coloquial que, com elegância, consegue exprimir as sensações, amores, alegrias, dores, temores, as angústias, perdas e ganhos, preservando sem questionar as individualidades de cada um dos seus biografados. O resultado é um presente para o público que recebe uma história coesa, aproximando o entrevistado do leitor.

A escritora opta pelo registro, quase em formato de crônica, para compor essa coleção, que se lê mais como um agradável romance episódico do que uma biografia oficial ou fonte de pesquisa. Tudo é tão fascinante quanto “inalcançável” para a maioria de nós pobres mortais. A fim de trazer o assunto um pouco mais perto do leitor, Eliana debruça-se por seis meses sobre todo o material selecionado, procura ouvir o biografado e pesquisar tudo o que fez ou faz parte do seu convívio (correspondências, família, amigos, fotos e outros). Vale lembrar, que o bacana desse projeto é que o homenageado recebe a honraria ainda em vida. Já de início, a biógrafa esclarece: sua meta é mostrar o sopro do gênio do perfil, por meio do seu cotidiano. Assim, fica fácil conduzir o leitor por uma paisagem mais real.

Historiadora das mais competentes, sua obra tem o realismo das descrições. A soma de conhecimentos literários e o tratamento estilístico que empresta à obra lembram a influência das epopéias antigas, gênero épico clássico, com a interferência dos deuses. Ainda que tal trabalho não sejam as aventuras narradas nos escritos de Homero. Eliana nos brinda sempre com um livro magistral. Um de seus últimos trabalhos, “Nivea Maria – Uma Atriz Real” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008 - 244 páginas) foi escrito em parceria com o Mestre e Doutor em teledramaturgia pela USP, Mauro Alencar, consultor da Rede Globo de Televisão.

Para apresentar parte desse rico trabalho, a jornalista concedeu aos amigos imortais um bate papo bem agradável para fomentar esse espaço, que é dos amigos!

Blog: Quantas obras levam sua assinatura?
Eliana: Pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, assino as biografias dos atores Renato Consorte, Vera Nunes, Geórgia Gomide e Paulo Hesse, a da dramaturga Leilah Assumpção e a do compositor e cantor Sérgio Ricardo. Em parceria com Mauro Alencar, fiz as biografias de Nivea Maria, lançada também pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, de Elisabeth Savalla, em fase de aprovação, e a história da TV Paulista (essa ainda não foi lançada). Colaborei ainda com Renata Soffredini na biografia de Carlos Alberto Soffredini, dramaturgo.


Qual a data exata em que começou a biografar?
Comecei em 2005, com duas biografias ao mesmo tempo: Renato Consorte e Leilah Assumpção.

Quanto tempo se leva para completar uma biografia?
Aproximadamente seis meses com exceção da TV Paulista, que demandou quase quatro anos de trabalho.

Quais os objetivos de um projeto como esse?
As biografias lançadas pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, dentro da Coleção Aplauso, têm como objetivo o resgate e a preservação da memória da cultura brasileira por meio da história, narrada em primeira pessoa.

Como ocorreu a parceria Eliana Pace e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo?
A Imprensa Oficial do Estado selecionou profissionais com experiente currículo em jornalismo cultural para escrever as biografias, porque este gênero tem elementos de reportagem. Os jornalistas sabem perguntar, ouvir e organizar as informações. Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e coordenador da Coleção Aplauso, um grande amigo desde a época da Faculdade de Jornalismo (que cursamos juntos), convidou-me pessoalmente para me integrar ao grupo. Adorei fazer esse trabalho porque uni o prazer em ouvir à escrita da história de vida dos outros e fiz amigos muito queridos entre os meus biografados.

Qual o público alvo da “Coleção Aplauso”?
São livros que não atingem um público específico. Além de atrair o leitor comum, direcionam-se a todos que queiram ler uma boa história.. Interessam igualmente aos estudiosos das artes cênicas. Os exemplares são distribuídos para bibliotecas.

O processo da elaboração da obra, os encontros com o entrevistado, horas e horas ouvindo suas narrações, se assemelham a uma sessão de psicanálise? O jornalista/biógrafo acaba fazendo este papel?
Em principio, se não houver empatia entre biografado e jornalista, a obra não avança. Tem que haver entre as duas partes respeito. Principalmente da parte do jornalista. Não basta só o conhecimento da obra do artista, mas o carinho pelo seu biografado. Pelos muitos encontros, não é raro que eles se tornem amigos íntimos.
Cada um dos meus biografados me deixou uma lição de vida. Renato Consorte, durante as entrevistas, me fazia rir e chorar. Leilah Assumpção é a dramaturga das mulheres da minha geração que rompeu barreiras, ou seja, havia um entendimento tácito entre nós por conta das nossas vivências. É minha grande amiga até hoje. Vera Nunes eu a conhecia socialmente, até que sugeri ao Rubens Ewald que ela fosse biografada. Geórgia Gomide, que perdemos há pouco tempo, passou a sair comigo para passear. Íamos ao teatro, viajávamos juntas. Ela me levou para conhecer o Projac... Infelizmente, não conseguimos realizar a montagem do curta metragem que escrevi para ela encenar.

Li uma vez em algum lugar (não me recordo agora), que normalmente o biógrafo “apaixona-se” pelo biografado e o isola no tempo e no espaço como se ele não pertencesse a um espaço cronológico e a cultura desse tempo. Você acredita nisso ou acha que há um exagero por parte de quem fez essa fala?
Não há exagero na afirmativa, porque quem escreve uma biografia tem que ter, no mínimo, respeito e carinho por seu biografado. Comigo aconteceu um fato marcante. Eu era apaixonada pelo compositor Sergio Ricardo desde a minha juventude, quando dava aulas de violão em Santos, e tinha todos os seus discos, dos antigos LPs aos atuais CDs. Nunca havia tido a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. E, quando me foi dada a chance de biografá-lo, pedi 24 horas para estabelecer um primeiro contato com ele, pois precisava controlar a emoção. Firmou-se entre nós uma enorme amizade e, em um dos encontros em minha casa, pedi a ele que autografasse todos os meus LPs e CDs. Rimos muito dessa situação. Em uma entrevista que ele deu para o jornal O Estado de São Paulo, o violão que ele abraça, é o meu!

Já aconteceu de em um determinado capítulo do livro, o entrevistado lembrar-se de um momento emocionante que vivenciou em alguma época, se emocionar e levar o entrevistador ao mesmo sentimento?


Com Renato Consorte, ri e chorei durante o processo do livro. Senti-me uma espectadora privilegiada porque era única em determinadas cenas, por exemplo, quando ele contava uma piada só para mim e me fazia gargalhar. Quando narrou o gravíssimo acidente de avião que sofreu, nós dois choramos.
Com Sérgio Ricardo, nossos primeiros contatos foram feitos por e-mail, porque ele mora no Rio e eu em São Paulo. Mandei a ele algumas perguntas sobre a família, para que me respondesse. O material era tão emocionante que transformou-se no primeiro capitulo de sua biografia. Ele preferiu que eu assumisse o texto para não se emocionar mais.

Mia Couto, jornalista e autor de vários livros, em seu “Poema da Despedida”, afirma: “Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei. Ainda assim, escrevo”. Você também pensa assim?
Sou uma profunda admiradora de Mia Couto e é possível que ele tenha razão. Nenhuma palavra alcança o mundo, mas se alcançar uma parcela ínfima que seja de pessoas, ainda assim terá semeado ideias e sentimentos.

Em um país considerado “sem memória”, você acredita que, com uma obra dessas, é possível exercer a atração pela leitura?
Juntemos essa afirmação ao culto da celebridade, ao sucesso instantâneo. Se o brasileiro tem tanta curiosidade pela vida de um BBB qualquer, deveria ter também pela história de um ser humano com mais consistência e valores, por assim dizer. O ser humano é sempre o personagem principal de qualquer história, seja uma personalidade ou um anônimo, um avô ou um mestre. Todos têm um tipo inesquecível.

Ao narrar um perfil você costuma pensar: “Trata-se de uma contribuição a mais na valorização da cultura brasileira?”.
Sim, no caso da Coleção Aplauso, são histórias tão ricas de vida, que vale a pena serem levadas ao conhecimento público.

Desse valioso acervo humano, o que mais destaca?
Ganhei amigos preciosos. Leilah Assumpção diz que transformei sua história de vida em uma pequena obra prima. No livro de Sergio Ricardo, mostrei que sua biografia é muito mais ampla e consistente do que o episódio do violão quebrado num festival de música popular.

Você não escreve apenas para a Coleção Aplauso. Existem títulos de ficção com seu nome. Como é transitar entre a ficção e a realidade?

São sintonias diferentes. Mauro Alencar recebeu da Editora Globo a incumbência de transformar em livros cinco grandes novelas: Roque Santeiro, Pecado Capital, Selva de Pedra, Vale Tudo e O Bem Amado. Topei o desafio e, praticamente em dois meses, finalizamos os livros que foram comercializados, inicialmente, nos catálogos da Avon. Até hoje, agradecemos a oportunidade dessa experiência super gratificante para nós dois, pelo prazer e privilégio de conhecer o texto de grandes autores como Janete Clair e Dias Gomes.

Deixe-nos algumas reflexões:

Prefiro pecar por excesso de ação do que por omissão. Vale para a vida real e a profissional”.

Uma vida de sucessos não rende necessariamente uma boa biografia”.



O universo intimo de cada pessoa e sua história de vida são especiais não apenas para quem com ela conviveu, mas para aqueles que conhecem de longe sua trajetória de sucessos ou dores”.


Fonte da foto: Acervo da entrevistada

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

GABRIELA! Uma raridade encontrada em Portugal.

Por Helena Vitória

Em 1977, em Lisboa/Portugal, foi publicado o livro “Gabriela – O folhetim da TV em fotonovela”(a raridade das imagens).

Assim começa a história da novela Gabriela: Corria o ano de 1925. O nordeste brasileiro conhecia uma das maiores secas de sempre. Completavam-se dois meses sobre a terrível calamidade quando, numa cidadezinha chamada Ilhéus, que começava a ser considerada “por todo mundo como a Rainha do Sul” e onde só se falava em progresso, os fazendeiros do cacau, de acordo com uma sugestão do padre Basílio, pároco da cidade e também fazendeiro, concordaram em unir todas as forças religiosas da população e dedicar a procissão daquele ano aos três santos da terra: São Jorge, Santa Madalena e São Sebastião. A ideia do padre Basílio foi especialmente bem recebida pelo intendente de Ilhéus, coronel Ramiro Bastos, velho fazendeiro, viúvo – o homem que se podia considerar “dono da cidade”.

Vamos relembrar as músicas que fielmente retratam a mulher brejeira na sua libidinagem nata da natureza: Gabriela, cravo e canela! Pintada e idealizada pelo saudoso Jorge Amado, a personagem ganhou vida com a interpretação majestosa da atriz Sônia Braga, em 1975. O destaque da trama ficou por conta da primeira noite de amor entre Gabriela e Nacib (Armando Bogus).

Modinha para Gabriela
Canta Gal Costa
http://www.youtube.com/watch?v=KqBRcHU0xAI

Alegre Menina
Dorival Caymmi – Canta Djavan
http://www.youtube.com/watch?v=LrbHxYVnAe8&feature=related