segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Record promete e cumpre com “Pecado Mortal”!

A nova superprodução da Record”! Foi assim que a novela “Pecado Mortal” estava sendo divulgada nos últimos dias e, não deixou a desejar no capítulo de estreia desta quarta-feira, dia 25. Muito pelo contrário, a trama ambientada nos anos 70, traz um frescor de “novidade” e tem tudo para garantir boa audiência para o horário das 22h30m novamente.
A novela é gravada no Rio de Janeiro e sua primeira fase registra fatos da década de 40. A trama é de autoria de Carlos Lombardi, que migrou para a Record após ter escrito grandes sucessos na Rede Globo como Vereda Tropical, Bebê a Bordo, Quatro por Quatro, Vira Lata, Uga Uga, Perigosas Peruas, O Quinto dos Infernos, Coração de Estudante, Kubanakan, Pé na Jaca, Bang Bang, dentre outras Segundo Lombardi, a inspiração de Pecado Mortal veio a partir da curiosidade em saber como foi originado o momento das “repúblicas independentes”, mas promete não tratar a época de forma didática e nem compará-la a uma “comédia-opereta de costumes nacionais”, mas, incorporá-la a um painel da sociedade brasileira, caracterizado pela heterogeneidade e hibridismo. O texto abordará a liberdade sexual, as drogas e o jogo do bicho.
A direção fica por conta do competente Alexandre Avancini que já trabalhou com o autor em outras produções, além de ter dirigido excelentes tramas na Record como Prova de Amor, a trilogia Os Mutantes, Vidas em Jogo e a minissérie épica José do Egito. Já no primeiro capítulo, visualizamos a sintonia entre texto e direção, onde a execução das cenas de ação propostas no enredo foi realizada com brilhantismo e muita veracidade.
O elenco, mesmo apresentando alguns rostos poucos conhecidos, fez bonito à primeira vista. Os veteranos também estavam lá. Destaque para Betty Lago, Heitor Martinez, Jussara Freire, Denise Del Vecchio, Andréa Avancini, Paloma Duarte, Simone Spoladore, Fernando Pavão, Luiz Guilherme, dentre outros, que com suas interpretações contribuirão para o desenrolar dos fios desse novelo nos próximos meses.
O primeiro capítulo começou com um prólogo sensacional de vinte minutos. A cena é desenrolada no ano de 1941, onde acontecem duas mortes e um nascimento. Sendo esses fatos os “pecados” que justificam o nome da novela. As participações especiais de Gracindo Júnior, na pele do poderoso bicheiro “Cebolão”, que mata o próprio filho, deixa a pergunta: “seu pecado mortal terá perdão?!” e da “pequena” notável Maytê Piragibe, que brilhou como Donana quando jovem. Rapidamente a trama pula para o ano de 1977. A reconstituição de época e caracterização das personagens ficou bem interessante e convenceram o público. A fotografia da novela é colorida e bem vintage. Cenas sensuais e os descamisados são corriqueiros na carreira do autor e já deu pra perceber que não irão faltar as sequências de ação e muito humor. Mas em Pecado Mortal como já anunciado pelo autor, a comicidade será menor em detrimento das cenas de ação, violência e drama.
Vale destacar a trilha sonora alegre, vibrante e bem selecionada com grandes clássicos dos anos 70. As músicas instrumentais funcionaram bem em todas as cenas.
A trama repercutiu muito no Twitter nesse primeiro capítulo e foi parar nos Trending Topics com muitos elogios, reforçando o que já é sabido: “a novela é um produto de aceitação absoluta, no Brasil e no mundo” e as redes sociais comprovam tal teoria. O folhetim empolgou os internautas que acompanharam a estreia. A audiência prévia da novela registrou 11 pontos, superando suas antecessoras Balacobaco que historiou 8 e Dona xepa 9, em suas estreias.
Já deu pra notar que será um pecado mortal ficar fora dessa superprodução. Então, não perca os próximos capítulos!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nosso Entrevistado, Rodrigo Faour!

Rodrigo Faour ladeado por seu imensurável acervo.
Foto de Renato Aguiar

Por Helena Vitória

Será mesmo verdade que a música jamais alcança a profundidade de uma obra escrita? Pode esse julgamento ser feito com base apenas na leitura “fria” de uma letra musical? Para o pesquisador, colecionador, escritor, jornalista, produtor musical e irreverente artista inato da comunicação, Rodrigo Faour, a capacidade da música de suscitar profundas reflexões no público não pode ser medida pela superficialidade do discurso. Nesse gênero ― mais do que as palavras ―, as luzes, as imagens e a interpretação dos compositores e artistas falam direto às emoções e definem o potencial dramático de suas obras quer faladas, ouvidas, escritas ou até mesmo lidas.

O carioca Rodrigo Faour possui um arquivo pessoal com cerca de 80 mil músicas catalogadas e um vasto clipping de matérias de imprensa coletadas desde a adolescência. Ele é autor de vários títulos que merecem destaque, dentre os quais vale citar Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante (publicado pela Editora Record, já está em sua terceira edição, sendo considerado pelo autor seu best seller); A bossa sexy e romântica de Claudette Soares (Ed. Imprensa Oficial/SP); Bastidores – Cauby Peixoto: 50 Anos da voz e do mito (Ed. Record, 2001);  Revista do Rádio – Cultura, fuxicos e moral nos Anos Dourados (Ed. Relume Dumará, 2002); História sexual da MPB – A evolução do amor e do sexo na canção brasileira (Ed. Record, 2006);

Suas pesquisas talvez possam ser definidas como um mosaico, ou ainda, um amplo resgate sonoro movido por paixão pela música popular brasileira. São mais de 500 discos, entre reedições e coletâneas, que foram produzidos desde muito cedo. Ele é hoje uma referência na cena artística brasileira. Mal finaliza um trabalho, e já está com outro prontinho para nos presentear. Recentemente, o artista dirigiu o irreverente Ney Matogrosso e a nova roqueira Marília Bessy no show Infernynho. Tal preciosidade poderá ser conferida em primeiríssima mão em CD e DVD a partir do mês de setembro.

Na data de 25 de julho, em que se comemora o dia do escritor, o blog euemeusamigosimortais entrevista Faour. Ele, que sempre desvenda para nós a história sexual da Musica Popular Brasileira, no Canal Brasil, todos os domingos, às 21h, nessa matéria revelará alguns “segredos sexuais” de Rodrigo Faour, além de se fazer conhecer um pouco mais em versos e prosas.  Com uma entrevista bombástica dessas, quem ganha é sempre você!

Blog:  Quando você começou a pesquisar e a escrever sobre o universo da música brasileira? É um exercício de otimismo?

Rodrigo Faour: Ainda pequeno me interessei sobre MPB desde que minha mãe me mostrou seus primeiros LPs e K7s. Já me apaixonei por Gal, Rita Lee, Beth Carvalho, Chico, Bethânia, Simone... desde cedo, aos 6, 7, 8 anos. Aos 13, comecei a colecionar matérias de jornal dos meus artistas favoritos. Daí me formei jornalista aos 21. Mas na escola e na faculdade já era tido como especialista, ainda que fosse apenas um grande interessado no assunto. O resto foi decorrência.

Seu livro, Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante, já está em sua terceira edição, sendo considerado por você seu best seller. Fale um pouco da concepção dessa literatura. Você acreditou que o livro teria tão longo alcance para chegar a uma terceira edição?

Jamais imaginei. Sabia que era uma personagem querida do público, pois seu nome é muito forte e tudo que levou sua assinatura nos últimos 50 anos obteve sucesso (peça musical, LPs, CDs, especiais de TV, shows-tributo etc), tanto que ao final da pesquisa descobri que ela é até hoje nossa compositora mulher mais regravada da MPB, mais até que Rita Lee. São cerca de 850 regravações de sua pequeníssima obra que soma apenas 35 canções, das quais apenas a metade é de fato conhecida, mas muito amada pelo público. Acontece que a história da personagem era quase que totalmente desconhecida das pessoas, e não imaginei que esta sua história em si suscitasse tamanha curiosidade. Mas, de fato, ela é sensacional e merecia ser contada.

Na época do lançamento do livro da Dolores, você produziu dois grandes shows com um total de 15 artistas, no eixo Rio X São Paulo. Como foi conciliar a vida de produtor musical com a de apresentador, jornalista...?

A música popular brasileira é a minha água, então apesar dos percalços eu não consigo fazer outra coisa. Mas, de fato, é um tour de force, pois para os projetos ousados que eu gosto de me lançar nem sempre é fácil obter patrocínio. Acabo tendo de investir o pouco do que ganho no meu próprio trabalho. Hoje o que faz sucesso na música brasileira é no geral popularesco ou então na base da imitação do que já foi feito, com certo grau de pretensão. Para se mostrar os verdadeiros bons artistas novos e os veteranos que ainda batem um bolão temos que rebolar muito.

Seu segundo livro, Revista do Rádio - Cultura, fuxicos e moral nos anos dourados, fala sobre músicas e comportamentos. Quais os comportamentos que você retrata e quem são as “vítimas” ali mencionadas?

A cultura de massa do século XX explode nessa fase áurea do rádio, em que as revistas de fofocas faziam algo muito semelhante ao que as Caras, Quem, etc, fazem hoje. Este mesmo interesse pela cultura das celebridades que existe hoje começa a explodir no Brasil dos anos 50. A diferença é que naquela época, de uma forma geral, as celebridades em si eram mais talentosas, e não havia tanto esse negócio da celebridade pela celebridade. O sujeito para ser famoso era preciso ser bom em alguma coisa. Hoje não, como bem retratou Woody Allen em seu filme “Para Roma, com amor”.

É mito ou verdade que a era do rádio foi considerada uma fase conflituosa para os artistas envolvidos com o veículo? Pegando o gancho desse livro, fale um pouco da relação dele com a biografia Bastidores: Cauby Peixoto, 50 anos da voz e do mito; e com o musical Cauby! Cauby!.

Conflituosa? Não havia nada de conflituoso. Artistas como Cauby Peixoto foram os verdadeiros pop stars de seu tempo, com direito a rasgação de roupa, filas em torno de seus carros, hotéis, apartamentos e saídas de programas de rádio, da TV (ainda em seu início, no Brasil) e shows em praças e cinemas. Cauby foi o primeiro ídolo criado com as artimanhas do marketing, boladas pelo seu espertíssimo empresário Di Veras que trouxe um know how americano para potencializar as qualidades que ele já sabia que Cauby tinha, ou seja, uma voz esplendorosa, um belo porte e um grande carisma. Só lhe faltavam um banho de loja e um empurrãozinho com notas apelativas na imprensa e um repertório popular. E foi isso que ele proporcionou, fazendo com que em seis meses seu pupilo se tornasse o maior cantor do Brasil. Este foi meu primeiro livro, realizado em 2001, que puxou um cordão de homenagens em torno dele, inclusive o musical, totalmente inspirado nele.

Seu trabalho pauta-se em música & comportamento. Essa dupla visão representa, em termos de comunicação, a possibilidade de integração da personalidade humana, formando um todo harmônico. Pode-se fazer essa leitura ao ouvir uma letra da música popular brasileira?

Lógico que sim. Não consigo conceber meu trabalho apenas festejando ou bajulando os artistas que eu gosto, por melhor que eles sejam. Inconscientemente, no princípio, eu já me interessava pelos que tinham algo de relevante a me dizer, por suas posturas – no palco ou fora dele –, pelo rigor com o repertório, pelas letras que cantavam ou pela originalidade em várias frentes (voz, comunicação com o público, como se mostravam no palco, nas capas de disco etc). Com o tempo, percebi que o que me atraía também era a relação dos mesmos com seu tempo, ou seja, como traduziam seu tempo e nos passava por meio de suas canções numa via de mão dupla: pegavam o que estava no ar e passavam pra gente, ou então, de modo transgressor, anteviam o que estava na vanguarda e já jogavam pra gente, que de alguma maneira, influenciava nossa visão de mundo, através de suas letras, danças e posturas artísticas. Em tudo que eu faço em termos de música, o enfoque sócio-comportamental e também o sexual me interessam muito porque a música brasileira é uma das marcas culturais mais fortes do brasileiro, portanto, tudo o que se passa em nossa sociedade está sublinhado na música. E todos nós vivemos sob as rédeas de nossas convenções culturais.

Como você define a onipresença do amor e do sexo nas letras das músicas brasileiras? Explique como isso ocorre e qual o compositor que conseguiu fazer essa junção na maioria das letras de suas músicas?

O povo brasileiro sempre teve um apelo sexual muito forte por conta até do clima tropical que existe em nosso país. Mas por causa da repressão religiosa e outros elementos culturais isto nem sempre pôde ser tão exposto como ele gostaria em nossas letras e danças. Em meu livro “História sexual da MPB” tudo está bem esmiuçado. Muitos autores e intérpretes conseguiram traduzir bem estes temas. De Domingos Caldas Barbosa a Noel Rosa. De Wando e Odair José a Rita Lee e Roberto. De Martinho da Vila a Genival Lacerda e MC Valesca Popozuda. De Marina Lima & Antonio Cícero e Frejat & Cazuza a Chico, Caetano, Gil, João Bosco & Aldir Blanc, Ivan Lins & Vitor Martins, Gonzaguinha, Fátima Guedes, Leci Brandão... De Bahiano (que gravava na Casa Edson, no início do século passado) a Menescal & Bôscoli, Tom & Vinicius, Roberto & Erasmo. Uma lista sem fim.

Como nasceu ou foi concebido o projeto televisivo do Canal Brasil, História sexual da MPB? O programa é a materialização do seu livro História sexual da MPB – A evolução do amor e do sexo na canção brasileira? 

Propus ao diretor do Canal Brasil, o meu querido Paulo Mendonça, que eu pudesse fazer um programa de TV ali. Ele topou, querendo justamente que eu bolasse algo em torno do meu livro. Daí eu quis fazer uma versão televisiva do mesmo em forma de minidocumentários sobre o essencial de cada um de seus capítulos. Como já havia dado certo no rádio – fiz por três anos o programa “Sexo MPB”, na MPB FM, triplicando a audiência da emissora, nas madrugadas –, senti que poderia dar pé também na TV. E deu. Já está na terceira temporada. As primeiras foram temáticas, agora cada programa enfoca a obra de um personagem desta história.

Movido por paixão, você se transformou em um colecionador singular de grandes nomes da MPB. Quanto à sua produção musical, consta uma pilha de discos entre reedições, trabalhos inéditos e compilações. Ao longo dos anos, como colecionador e produtor musical, foram quantos LP’s? São tantos que já perdeu as contas? Uma curiosidade: quem colaborou com o primeiro vinil da coleção?

Quem colaborou foi minha mãe, afinal, me apossei de sua pequena coleção de vinis e incorporei à minha. O resto foi fruto de uma grande paixão numa fase pré-internet em que realmente ter acesso a músicas do passado só comprando discos mesmo. E até hoje nada substitui você ter os objetos – vinil e CD – para entender a música além da música: ou seja, como ela foi vendida, como era a capa, quem tocava... tudo isto também é relevante para se entender o impacto da obra de um artista na sociedade pré-Internet. Não perdi a conta do que tenho, pois tudo que entra aqui vai logo sendo catalogado. Hoje tenho mais de 80 mil canções catalogadas no meu computador.

Li recentemente na Veja uma matéria assinada por Lya Luft e nela havia a seguinte frase: “Boas memórias não têm preço, porque nada custam ao nosso bolso, ninguém as pode roubar, e nada no mundo poderia pagar por elas”. O Brasil é classificado como país de memória fraca. Você acredita que, com seu trabalho de pesquisa, o registro detalhado em cada uma de suas obras poderá contribuir para manter viva a história da música popular brasileira? De que forma?

Faço a minha parte. A concorrência hoje com a superficialidade, com as bobagens de pseudocelebridades, com o lixo cultural é muito forte. Um pouquinho de lixo faz parte e nos ajuda a entender também o nosso tempo, mas APENAS isso é muito ruim. No caso da música, hoje somos privados de ouvir uma música um pouco menos popularesca em qualquer lugar que a gente vá, pois nas rádios só há lugar para dois ou três estilos musicais da moda impingida, e a TV não tem mais espaço para música (como já teve no passado) – principalmente estilos musicais que não estejam muito massificados. Então, me resta fazer meus livros, programas de rádio, TV, CDs, DVDs, palestras etc e tentar influenciar o maior número possível de pessoas dentro do espaço que me cabe. Meu consolo é que todo mundo que tem contato com algum dos meus trabalhos sempre fica freguês.

O pernambucano Dominguinhos recebeu, recentemente, justa homenagem da Universal Music em coletânea dupla intitulada Dominguinhos é de todos, com seleção de repertório promovida por Faour, além de uma breve biografia do músico, que você também assinou. Como foi presentear o público de Dominguinhos com essa preciosidade?

Na verdade, produzi esse CD duplo “Dominguinhos é de todos” (lançado em junho) a convite de Alice Soares, do marketing estratégico da Universal. Como ele estava enfrentando um sério problema de saúde, achamos que seria uma ótima oportunidade para as pessoas (re)descobrirem o grande compositor, intérprete e músico que ele sempre foi, entre o sofisticado e o popular. Muitas canções dele são famosas nas vozes de grandes cantores e não sabemos que são de sua autoria. Este CD duplo tenta corrigir esta injustiça.  Felizmente conseguimos homenageá-lo ainda em vida.

O que você leva do Rodrigo Faour para cada novo trabalho? 

Sou uma pessoa que busca se autoconhecer a cada dia, que busca melhorar o mundo, que detesta superficialidade, mas também odeia abordagens “intelectualóides” pretensiosas. Sou irreverente e penso que devemos olhar o mundo sempre com um pouco de pé atrás e sem se levar a sério demais, porém, sem mesmice, sem vulgaridade, sem ser raso. Este é meu temperamento e tudo que faço tem muito de mim. Não entro em nenhum trabalho sem paixão. O que eu levo do Rodrigo Faour a cada trabalho? Levo o meu tesão. E ele é bem grande! (risos)

Saiba mais sobre esse menino prodígio acessando: http://rodrigofaour.com.br/blog/ 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dona Xepa, de volta aos bons tempos!

Por Helena Vitória

A nova novela da Record estreou na noite desta terça-feira (21), e chegou com ares de super produção. 

Com astros de primeira linha e cuidados de superprodução, a nova atração das 22h15, da Record, trouxe para o horário nobre a temática urbana e tem tudo para se tornar um marco na história da teledramaturgia. A novela Dona Xepa, inspirada na peça homônima de Pedro Bloch, bem no estilo viagem pela literatura, nos permite reviver os bons tempos das leituras clássicas. O folhetim tem a assinatura de Gustavo Reiz –  que traz em seu currículo tramas como Os Ricos Também Choram (SBT), Luz do Sol, Sansão e Dalila e colaborou no seriado Fora de Controle –  de Marcílio Moraes, todas na Record. 
A direção está sob a responsabilidade do experiente Ivan Zettel, que já mostrou o que pretende fazer durante os noventa e seis capítulos da trama. É isso mesmo! A nova novela já está na proposta do novo formato da emissora que é fazer novelas mais curtas. Com o objetivo de dar mais veracidade às cenas, optou-se por gravar o folhetim em São Paulo, no universo da feira livre, recurso que funciona bem em uma história dramatúrgica.
Com mais essa produção, a emissora pretende comprovar que a teledramaturgia da casa veio para ficar e se fortalece a cada produção. Justamente por isso, escalou nomes de primeiríssima linha para dar vida aos personagens de Dona Xepa, entre eles, Ângela Leal, Thais Fersoza, Arthur Aguiar, Alessandra Loyola, José Dumont, Luiza Tomé, Mauricio Mattar, Marcio Kieling, Ítala Nandi, Angelina Muniz,Giuseppe Oristânio, Bemvindo Siqueira, Bia Montez, Manoelita Lustosa, dentre outros nomes.
Engana-se, no entanto, quem imagina que esse elenco estelar é a única arma da emissora carioca para continuar mantendo o glamour do horário “nobre”. Nada disso! A Record não economizou nos detalhes que transformam uma simples novela num sucesso inesquecível. A linguagem das tramas se modernizou. “O timing ficou mais cinematográfico”.
Já no primeiro capítulo da trama, deu para traçar um retrato fiel da personagem e da realidade brasileira. Trata-se de uma história atemporal sobre o amor de uma mãe pelos filhos. Nem pobre, nem rica, é uma mulher batalhadora, cheia de orgulho de ser uma pessoa honesta, totalmente do bem. O principal traço de sua personalidade é firmeza e caráter. Ela faz de tudo para dar o melhor em termos de educação e conforto aos filhos. Apesar da mulher forte e segura que é, Xepa entra em choque ao perceber que os filhos Edison e Rosália têm vergonha do seu jeito “grosseiro” de ser. A diferença de mentalidade entre eles vai originar muitos conflitos, que serão o suspense da história.
Também já foi possível observar que barracos, conflitos familiares, ambição, inveja e muito humor serão ingredientes diários nessa nova produção.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Nosso Entrevistado, Gilberto Gomes!

Por Helena Vitória
O artista Gilberto Gomes pintando o quadro "Frei Galvão"

O blog “euemeusamigosimortais” sempre prestigia artistas de relevante papel cultural e, o faz na expectativa de reunir ideias e dividir informações. Mais uma vez o blog garimpa por esse Brasil afora, uma raridade de pessoa: o artista plástico, Gilberto Gomes! Com isso, quem ganha é você.

Para quem não sabe ele nasceu em 16 de outubro, em Santa Terezinha – Aparecida-SP, mas considera-se baiano de coração. Desde cedo sua aptidão pelo desenho já apontava o caminho pelo qual o talento o levaria. E foi na Bahia que o artista construiu uma sólida carreira, para mais tarde espraiar–se entre Rio de Janeiro, São Paulo, Europa, Ásia e Estados Unidos onde obteve Lauréis e Premiações com sua obra. Recentemente, foi um dos 12 artistas brasileiros, que teve seu nome inserido no “International Dictionary Of Artists”, publicado pela Editora World Wide Art Books, nos EUA.

Olhando os traços da pintura desse artista é possível afirmar que ele constrói uma linha muito tênue entre presente, passado e futuro. Gilberto apresenta suas obras numa composição artística atraente e, ao mesmo tempo, com uma temática muito atual. Sua arte não expressa pinceladas agressiva e nem cores fortes, traços expressivos, formas contorcidas e dramáticas como é possível identificar nas telas do pintor holandês Vincent Van Gogh, mas em seus trabalhos estão presentes cores e uma inspiração modernista em um estilo muito próprio, que reflete uma mensagem de calmaria e beleza. Tal trabalho difere também das telas de Munch, as quais traziam tristezas e angustias baseadas nas obsessões e frustrações pessoais do artista.

Com tendência para o extremo e quase beirando o exagero em originalidade, as peças são combativas na defesa de transformações pessoais e sociais, quase como as narrativas teatrais, cujo enredo é muitas vezes metafórico, com tramas bem construídas e lógicas. Vale ainda destacar, sua especialização em desenhos a bico de pena, característica bem marcante nas telas do pintor.

Em suas obras é possível identificar o figurativismo, arquitetura, impressionismo, expressionismo, futurismo, abstracionismo que nos remete ao modernismo, pois elas refletem intensas emoções. A riqueza de detalhes que o artista empresta às suas pinturas é o que mais impressiona. Tudo está ali, devidamente exposto, respondendo aquilo que por acaso pensa-se em perguntar. Claro que há inúmeros elementos a serem observados, mas isso é o que chama mais a atenção.

Blog: O que é mito e o que é verdade nesse universo das artes plásticas: a pintura reflete uma atitude mais tranquila e reflexiva ou a pintura dá asas ao artista para que esse não refreie sua imaginação e fuja de toda e qualquer referência à realidade?
Gilberto Gomes: Tudo depende do que vai ser pintado. Se pintarmos uma paisagem com conotação realista, devemos imprimir algo condizente com a realidade. Se pintamos algo subjetivo, daremos asas a nossa imaginação e criatividade. Podemos também nas bases realistas, imprimirmos nossas características pessoais à obra - como se fosse uma Releitura da nossa visão. Assim, podemos pintar um retrato que pareça com o retratado, mas deixando na obra, nossa interpretação. Seria como cantar a música de um determinado cantor, porém usando sua voz.

Como você mesmo define em uma de suas telas, “O Espelho da Alma se resume em Sensibilidade, Paleta, Tintas e Pincéis!”. É possível dizer que recorre à cor como meio de expressão e como forma de engrandecer o caráter, procurando penetrar psicologicamente para revelar a alma do retratado. É isso mesmo?
Independente de Cores temos que ter em primeiro lugar a arte. Se a temos na alma, provavelmente com meia dúzia de traços, conseguiremos imprimir os sentimentos. Às vezes uma obra rica em cores, não possui a sensibilidade e maestria de algo mais simples. Cito como exemplo uma passagem do pintor italiano Giotto, que enviou ao Papa Julio II um papel com apenas uma circunferência desenhada. A mesma foi feita com um toco de carvão, de uma só vez, dando um resultado tão perfeito que os arquitetos e artistas do Papa ficaram impressionados com a destreza do pintor.

As pinceladas de azul, branco e dourado sobre suas telas (característica bem marcante em seus traços) revelam qual tipo de universo?
Revelam meu universo interior, o da alma, visto que os azuis representam a longitude e o atemporal, enquanto que os dourados, a magia e nobreza de caráter.

Ao analisar suas pinturas, nota-se características com o sacro. Mas ela ilustra também algo de “profano”, ao retratar o nu mesclado com semelhanças de anjos/arcanjos, os dois elementos se conjugam de maneira insólita. O que, de fato, há de santo ou profano em suas obras ou tudo não passa de mera coincidência?
Evidentemente, se olharmos o retrato que pintei de “Frei Galvão”, saberemos que se trata do Santo. Mas um nu ou outras composições envolvendo o corpo poderão levar o espectador a criar sua própria visão. O resto é pura coincidência.

Há uma de suas telas (catalogadas) "Maternidade" em 1981, que foi estampada nos Bilhetes da Loteria Federal da CAIXA, nas Séries A, B e C, em 12 de maio de 2001 – em homenagem ao Dia das Mães. Fale um pouco do que foi esse reconhecimento ao seu trabalho.
Em 2000, a convite do senhor Emilio Carazai, presidente da Caixa Econômica Federal de Brasília-DF, minha obra “Frei Galvão na Glória”, foi reproduzida nos Bilhetes da Série A. O sucesso atingido (sendo uma estampa da série artes) fez com que a CAIXA me concedesse um premio “Bilhete do Ano”, possibilitando assim, que mais uma de minhas obras fosse estampada nas séries A, B e C. A data proposta foi o Dia das Mães. Daí, preferi indicar a tela “Maternidade”, pois foi um trabalho que fez parte das minhas pinturas realistas. Foi sucesso absoluto! Inclusive, segundo a História dos Bilhetes da CAIXA, sou o único artista brasileiro a ter duas estampas nessa Loteria. Em se tratando de bilhete de loteria, que tem um público imensurável, tudo leva a crer que a obra foi vista por um grande número de pessoas. Gratificante para o artista, é saber que sua arte tem longo alcance, transpondo localidades, dialogando com pessoas de vários lugares, causando-lhes diversas emoções. É o que podemos chamar de retrato do gesto.

Deu muito trabalho reunir toda, ou quase toda, sua obra em uma coletânea intitulada “Contando a Arte de Gilberto Gomes”? Fale um pouco desse seu momento.
O bom é que o trabalho se resume numa grande satisfação. Esse Projeto “Contando a Arte...”, faz parte de uma coletânea que engloba 22 artistas de expressão da Arte Brasileira, dentre eles, Djanira, Portinari, Waldomiro de Deus, Antonio Peticov, Cláudio Tozzi, Aldemir Martins, Di Cavalcanti, e muitos outros artistas. O resultado foi o prêmio dos prêmios. Naquele momento, pensei: "agora estou ao lado dos artistas que admirava quando criança". Tal experiência confirmou que escolhi o caminho certo, graças a Deus! Momento memorável em minha carreira aconteceu quando o livro foi escolhido para concorrer ao Prêmio Portugal Telecom, ao lado de escritores e livros de artistas renomados da fase biográfica. O livro foi bem aceito, me tributando o quarto lugar do evento, e com isso, me abriu caminho para o reconhecimento Internacional. A procura pelo exemplar foi tão grande, que logo esgotou a primeira edição, rendendo a editora uma segunda edição quase que emergencial.

Qual é a sua visão de mundo pela lente das telas, pincéis e tintas? Há alguma referência artística que o tenha inspirado, como por exemplo: Salvador Dali, Van Gogh, Munch, Monet, Kandinsky, Tarcila do Amaral ou outros tantos que marcaram nossas artes plásticas?
Todo o artista tem suas influências, principalmente no início de carreira. Porém, quando se alcança as próprias experiências, criamos nossa identidade própria. E mesmo que tenhamos uma diversidade de fase, é possível reconhecer uma obra mesmo que essa não esteja assinada. Um ator se inspira em interpretações de outros atores e assim por diante. Nas artes plásticas não é muito diferente, Quando iniciei minha carreira, observei de perto o estilo de pintar de Antonio Parreiras, Pedro Alexandrino, Portinari, Monet, dentre outros geniais artistas.

Lendo sobre Van Gogh, comenta-se que o artista ao pintar suas inúmeras obras tinha de libertar-se dos motivos originais e mergulhar na sua própria imaginação, criando imagens inspiradas dentro de si. É possível perceber tal semelhança também nas obras do Gilberto Gomes?
Perfeitamente. Basta observar que mesmo numa obra convencional, é possível perceber o recôndito, a interpretação e minha identidade, principalmente na fase expressionista, que é quando o artista torna–se mais criativo se liberando dos "ismos",  permitindo o fluir de linguagens e sonhos, sem obedecer critérios, convenções, etc

É possível perceber em suas obras alguma semelhança com a pintura metafísica?
Em arte, toda e qualquer percepção torna-se possível. Giorgio de Chirico, Carlo Carrá e Paul Delvaux, são três nomes representantes dessa pintura, pois em seus traços mostram conhecimentos das técnicas surrealistas e, imprimiam em suas obras conotações metafísicas. Da mesma forma eu procedo. Dependendo do tema em que a obra foi produzida, é possível que o espectador encontre em alguns trabalhos meus, algo de metafísico. Como dizia o pintor Castellane: “a junção de técnicas se denomina 'axiomismo' e isso sugere que uma obra possua várias tendências numa única conotação”. Como a pintura metafísica recusa a arte abstrata contrapondo-se às correntes futuristas e cubistas, evidentemente que o espectador somente a encontrará nas obras de cunho figurativo.

No teatro (universo no qual eu atuo), o artista utilizando diferentes formas de comunicação, ainda assim, precisa da arte e da técnica para comunicar-se com a plateia. Dessa forma, ele consegue transmitir suas ideias, sensações e sentimentos. Nas artes plásticas é usado o mesmo recurso? O apreciador das galerias de arte consegue fazer essa leitura ao olhar uma de suas telas?
Como toda arte, as visuais também oferecem essa percepção ao espectador. Digamos que uma obra abstrata, com toda sua subjetividade, poderá oferecer diversas visões, inclusive títulos, a quem a observa. No entanto, existem observadores que não conseguem enxergar nada. Já ouvi muita gente dizendo: "não vejo nada naquela obra, a não ser borrões". Se um observador possuir tamanha sensibilidade, com certeza descobrirá nas manchas de um muro, coisas fantásticas! Citaria Miguel Ângelo (artisticamente conhecido por Michelangelo), que fitava as nuvens para descobrir suas figuras. Conheci pessoas que ao assistirem uma peça de teatro, dormiram na plateia.

Como surgiu o convite para participar na exposição das olimpíadas de Londres, em 2012, com sua obra "SPIRIT OLYMPIC" e sair do evento trazendo na bagagem uma medalha de participação?
Um dia ao abrir minha caixa de e-mails, estava lá uma mensagem do Zeng Kejun (Conselheiro Cultural da Embaixada da China no Brasil), convidando-me para os Jogos Olímpicos de Londres. Minha primeira impressão foi pensar que se tratava de confusão de nomes, afinal não sou atleta! A mensagem estava em Espanhol e assim que fiz a tradução, constatei que o convite era para mim mesmo. A mensagem dizia: "tenho grande apreço e admiração pelo seu belo trabalho e espero uma obra sua magnífica". Essas palavras pra mim já seriam um premio, pois o Zeng é tido como um dos maiores experts em arte e cultura mundial.
Após ler a mensagem, tomei conhecimento que todos os jogos olímpicos (desde Beijin/China) teriam como parte oficial em seu calendário, uma Mostra Internacional de Artes, cuja temática estivesse voltada às olimpíadas. Como toda Olimpíada é patrocinada culturalmente pelo País que antecedeu os Jogos, ficou fácil. Portanto, a mostra "Olympic Fine Arts/Creative Cities Collection" seria realizada como parte dos jogos olímpicos de Londres 2012, com abertura oficial no Royal Museu/Barbican Centre Arts/Londres. Mostra essa, composta por 500 artistas selecionados entre 15.000 provenientes de 80 países dos continentes participantes dos jogos. Apenas seis brasileiros convidados!
A Medalha Olímpica de Ouro, foi concedida a todos os artistas premiados no evento. A obra “Spirit Olympic”, foi uma delas. Com toda modéstia, é um sentimento nobre receber algo tão valioso em termos de premiação. Tal exposição é considerada a maior do mundo em termos de arte. Fiquei honrado de ter participado junto a 500 artistas que foram selecionados por uma respeitada curadoria a nível internacional. Palavras não conseguem traduzir a minha felicidade.

São mais de 30 anos de carreira. Mudou alguma coisa depois dessa participação nas Olimpíadas?
Tudo muda e isso é previsível. Afinal, trabalhamos para que nossa arte chegue até as pessoas. Com isso, o reconhecimento vem junto. Quando fui convidado para esse evento de grande magnitude das artes, agradeci a Deus por ter me dado o privilégio de ser artista e me conduzido pelo caminho certo. O reconhecimento da obra e também do artista nessa mostra, trouxe benefícios em termos de valorização do meu trabalho e, possibilitou a inserção do meu nome na História da Arte Universal. Isso abre outras portas, como por exemplo, já estou na lista de convidado especial para os Jogos do Rio de Janeiro.

Uma pergunta que sempre faço aos meus entrevistados: O que você leva do Gilberto Gomes para suas telas?
"Pensamento, coração e alma", a trilogia que rege minha criação - pois, para construir uma obra de arte é preciso meditar muito, sentir a essência e criar a efervescência interior. O resto vem com paleta, tintas e pincéis.
Entre as décadas de 1975 a 1990, em algumas das pinturas de motivos religiosos e mitológicos, usei minha própria fisionomia como modelo. Algo perfeitamente aceitável nas artes, pois os artistas costumam às vezes e até inconscientemente, deixarem seus traços em algumas obras. Isso faz parte da nossa Identidade e sensibilidade.

Saiba mais sobre Gilberto Gomes e suas obras: www.gilbertogomes.com.br