sábado, 31 de dezembro de 2011

Boas Festas e um ótimo 2012!

Achei o texto abaixo, magnífico! Espero de alguma forma, mudar o curso da minha vida no próximo ano. Principalmente, na questão do amor. Ah, o amor! Sempre bandido, nos pregando peças...

"Aos queridos amigos um ano novo cheio de realizações e esperança, porque no fim das contas é ela que procuramos, aquela coisa emplumada que pousa leve na alma. Desculpem a falta de tempo, a falta de jeito e recebam meu carinho, meus abraços e meus beijos. Amor e paz! O resto a gente faz! O sorriso do gato no ano bom.

Para ser franco, não tive tempo de tomar nenhuma resolução, nesta virada de ano, neste final de milênio tão cantado em verso e prosa. E sei que essas resoluções de fim de ano fazem parte do calendário, fazem parte do ritual, ainda que fiquem abandonadas, num canto, logo depois de pronunciadas. Mas o fato é que o ano já prepara seu último suspiro e nenhuma resolução foi tomada. Nenhuma mesmo. Talvez não tenha tido, igualmente, o desejo a me guiar, aquela vontade de mudar algum rumo, alguma história. Até para isso ando cansado. Estamos todos cansados, pensando bem. Não sinto a urgência de mudança nos ares e brisas deste verão chuvoso. Finalmente, eis que é chegado o novo milênio, com direito a um céu de artifícios, e tudo o que quero é olhar para trás e deixar o meu olhar se perder nas imagens que fui amealhando pelo caminho. É só o que quero, acreditem. Um avestruz saudosista, é assim que me sinto, enquanto o milênio me atropela, sem que ninguém tenha anotado a placa.

(Fecho os olhos e vou pincelando um céu de ano novo, os pontos de luz se abrindo no céu, como flores brilhantes. Holy chorava no Posto 6, já perto do forte, depois da Rainha Elizabeth. Eu passei o braço por cima de seus ombros que subiam e desciam, saltando no ar,com os soluços e os espasmos do pranto. Acima de nós, o céu era um jardim todo colorido. Sem saber o que fazer, sem nenhum linimento que abrandasse a dor daquele coração, eu ia repetindo baixinho: já passou, já passou, como quem diz uma reza. Lembro dos olhos de Holy, um verde azulado boiando no mar de suas lágrimas. A nossa frente o ano bom de tempos atrás. E, anos depois, num outro céu de réveillon, era eu quem chorava e era de Holy o braço que me amparava. Uma mão lava a outra e um ombro se empresta com generosidade, nessas datas tão cheias de emoção.)

O que é que gostaríamos realmente de fazer nesta virada? Onde dormem esses nossos desejos mais secretos? Às vezes, eles se escondem tão bem que a gente sabe de sua existência, mas não consegue encontrá-los. Aquela vontade de mudar o rumo, arrumar toda a vida numa só bagagem e partir. Eu tenho a impressão de que a grande maioria das pessoas tem essa fantasia secreta (ou nem tão secreta assim): a de mudar o rumo de suas vidas, recomeçar. Outra vez. Duas palavras mágicas. ( Além dos fogos de artifício, há outras manchas de luz na noite estrelada. Os lampiões de querosene e os puçás com as iscas sangrentas amarradas com barbante, na pesca do siri. Os pés afundando na areia, um mundo de mistérios e terror na água escura. Quando a maré recolhia seu manto, os lampiões eram acesos e o barco colocado na água. Às crianças era permitido brincar na areia, contando e recontando o número de siris apanhados. À luz alaranjada das lamparinas, os vultos iam mar adentro, empurrando a água com os quadris. Os remos batendo na superfície d’água iam fazendo um ruído gostoso e toda palavra era dita em sussurro.)

A minha fantasia de sempre: um quiosque na Finlândia. Não sei porquê, mas sempre invento que vou abandonar tudo e recomeçar na Finlândia, vendendo sorvetes num quiosque. Essas resoluções não tomadas, mas que são a esperança de tornar a escrever a própria história. Mudar um pequeno detalhe, que seja. Poder voltar atrás e não dizer aquela palavra que magoou um coração, não fazer aquele gesto, não virar as costas, quando era hora de abraço. Se pudéssemos ter a certeza do quiosque na Finlândia…

(Entre as noites de lampiões, havia a grande noite da virada e a areia da praia cobria-se de flor e oferenda. O batuque e a vibração das palmas, as manchas brancas evoluindo na areia. Caboclos e pretos velhos, entidades d’além-mar soprando um vento morno na memória. Essa fé de várias raças se encontrando nas crianças do continente é que é bonito de se ver. Esse anjo de procissão que ondula os quadris ao som da batucada, enquanto empurra para o mar seu barco de espelhos e perfumes. Sua oferenda para a rainha das águas. Deusa. Como é que conseguimos ser tão mágicos e tão idiotas ao mesmo tempo?)

Vamos todos fazendo nossas listas de desejos secretos, aqueles que não temos coragem de confessar às paredes.Talvez seja o peso do milênio, talvez a responsabilidade de uma marca tão significativa, ou ainda a constatação da finitude, não sei. Mas a verdade é que cada dia que passa me aproxima mais do tal quiosque finlandês. E assim tem acontecido com as pessoas a minha volta. Os desejos aprisionados ganham força, os sonhos acordam do seu estupor e vão abrindo as janelas para alçar vôo, ou arejar o ambiente. Sempre na virada do ano. Sempre envoltos pelo hálito quente do verão.

(Pela manhã, a primeira do ano bom recém-chegado, havia o encontro com os gatos no quintal, todos com cara de sono, espreguiçando seus corpos magros sobre o telhado do barracão de meu avô. Um dia, um deles sorriu para mim. Foi uma coisa muito estranha, o sorriso daquele gato. Ele não bocejou, não fez nenhum som, nenhum miado. Apenas sorriu, como quem dá bom dia, muito naturalmente. Nunca me esqueci daquela manhã. Nunca mais apaguei dos olhos aquela luz que despencava do céu como uma cachoeira. Um gato sorriu para mim, numa manhã de ano bom, há tempos, e eu, confesso, talvez aturdido com a atitude do felino, não sorri de volta.)"

Fonte: Miguel Falabella

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Vitrines Gastronômicas"

Por Helena Vitória


Além do cardápio variado, os restaurantes capricham no requinte e praticidade dos ambientes para atraírem e preservarem o cliente. Com a concorrência acirrada neste setor, não basta apenas uma saborosa culinária: os aplausos só virão se as delícias oferecidas forem levadas à mesa muito bem arrumadinhas, em um local bem atraente. Para dar esse look excitante à comida, os restaurantes inovam seus espaços com o que há de melhor na culinária capixaba, transformando seus restaurantes em verdadeiras vitrines gastronômicas.

Na Praia do Canto, com um espaço bem charmoso e um cardápio variado, servindo desde comida japonesa, massa italiana, até os pratos mais triviais, está o Deboni’s, restaurante localizado na Rua Desembargador Sampaio. Segundo a família Deboni’s, o objetivo da rede é proporcionar ao cliente uma alimentação saudável num ambiente agradável. Funciona de segunda a segunda para almoço. Aceita-se cartões. Telefone: 8129-0233

Percorrendo a Praia do Suá, encontramos, no coração do bairro e no paladar dos moradores, o tradicional Restaurante São Pedro, na Rua Ferreira Coelho, nº 98, inaugurado na década de 50 e especializado em frutos do mar. Além das várias interpretações de moqueca, um dos predicados da casa é o recanto natural de paisagismo que mais parece uma reserva ecológica, proporcionando aos clientes a sensação de estarem ao ar livre. Funciona de segunda a segunda e feriados com almoço. De terça a sexta-feira, almoço e jantar. Aceita-se cartões. Telefone: 3227-0470.

Em Bento Ferreira, com localização privilegiada, está o Labaredas Restaurante self service, na Rua Engenheiro Fábio Ruschi, nº 93. Sobre um fogão à lenha, diferentes opções em carnes, legumes, massas, strogonoff, feijão tropeiro, feijoada e o tradicional ovinho frito, entre outros itens, são servidos diariamente. E para aqueles que não querem cair em tentação, lá está o balcão das saladas. Apesar de não ficar situado nas montanhas nem no campo, o fogão à lenha mescla com esse cardápio um saboroso churrasco, dando o tom bucólico ao local, que é totalmente climatizado. Não há um chefe de cozinha assinando os pratos. Há um responsável pela culinária, sob a orientação dos dois sócios Waldemar Nelson Hernandez Bartolini e Rogério Simões Araújo. Seu funcionamento é de segunda a sábado somente para almoço. Aos sábados e feriados, uma das opções são frutos do mar. Aceita-se cartões. Telefone: 3345-3934/3345-3478.



Um dos sócios, o Waldemar, é de nacionalidade uruguaia e, em seu país o churrasco é tradição. Daí, o carro chefe do cardápio do Labaredas, é o churrasco! Na churrasqueira aprecia-se e degusta-se os cortes caprichados, como o medalhão, filé ao alho, alcatra, picanha e outras iguarias da carne. Com essa referência o restaurante completou 11 anos de existência no dia 9 de agosto, sempre exercendo a “política da boa vizinhança”, como no dito popular.


Com essas diversidades de cardápios, percebe-se que a grande reviravolta mundial no universo gourmet se deu com a quebra de fronteiras entre os países, quando, tanto nos negócios quanto nos prazeres da culinária, os gostos foram globalizados. Com isso, quem ganha são os capixabas, pois o paladar não poderia ficar de fora.


Imagem: http://cazombando.blogspot.com/2011_07_01_archive.html

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Fabrício e Helena GANDINI

O blog “Eu e meus amigos imortais” registra aqui uma parceria que deu e ainda dá certo. Eles são amigos de longa data e estão sempre unidos: Fabrício Gandini e Helena Vitória. Gandini é formado em direito, mestrado em gestão de cidades e vereador pelo PPS no município de Vitória e Helena é atriz e jornalista. Eles trabalham juntos há nove anos e, acreditam no sucesso um do outro. Por isso, tal cumplicidade.

Helena revela que não esperava, mas se flagrou vivendo política 24 horas por dia, por conta do amigo. E o assessora politicamente agendando seus compromissos parlamentares e pessoais. Segundo ela, não é fácil conciliar suas agendas. E confessa ainda que, uma agenda parlamentar oscila quase como uma pauta jornalística. Às vezes, coincide de no mesmo dia e horário de um compromisso, surgirem outros tantos eventos que seria bom ele estar presente também. Por tratar-se de uma única pessoa, ela tenta conciliar que o vereador dê uma 'passadinha', se não em todos, em alguns deles.

Gandini (fabriciogandini.com.br) afirma que contar com a assessoria de Helena é fundamental no seu mandato, pois, construíram juntos uma plataforma de trabalho que, seria difícil desvincular uma coisa da outra. O parlamentar acrescenta ainda que, por ela ser atriz e viver a vida como se estivesse sempre em cena, contribui para encher de alegria o palco da sua vida.

Helena confessa que cuida dele como se fosse um irmão mais novo. Sua preocupação com o amigo, vai além dos compromissos de trabalho. Ela procura manter seu bem estar em todos os aspectos do cotidiano, evitando estressá-lo com situações que podem ser resolvidas sem envolvê-lo. “Boas amizades servem para isso também: preservar o outro”, afirma.

Como em todos os relacionamentos, o de amizade também não foge à regra. E, às vezes, nem tudo são flores entre esses grandes amigos. Quando os dois têm opiniões contrárias, o clima esquenta e eles quebram regras, discutindo. Porém, nada que os façam perderem a compostura. Para eles, as divergências servem como bússola para medirem o tempo de pararem e focarem no bom andamento do ambiente de trabalho.

Às vésperas do dia do amigo, 20 de julho, eles deixam registrado que “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito... Dentro do coração...”. Assim canta Milton Nascimento.



Foto: Cerimonial Gazebo - 09/07/2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nosso Entrevistado, Marcílio Moraes!

Por Helena Vitória

O drama da existência humana, a provável influência das ideias pessimistas de vários escritores dos séculos passados, o desejo do homem de fugir da realidade, o mal-estar trazido pelo capitalismo, às vezes, é daí que artistas de diversas áreas e autores da contemporaneidade costumam buscar suas inspirações. Será?

O blog “Eu e meus amigos imortais ” abre aqui um espaço para bate papo e o faz no propósito de promover a aproximação e a troca de ideia. Assim, é possível conhecer melhor quem é de casa. Nosso entrevistado é o professor,escritor, jornalista, dramaturgo, crítico de teatro e roteirista Marcílio Moraes. Em sua trajetória no universo da irrealidade, escreveu inúmeros trabalhos ao lado de mestres como Dias Gomes, Euclydes Marinho, Leonor Basséres e muitos outros. Na galeria de suas assinaturas, destaque para: Roque Santeiro, Roda de Fogo, Mandala, Sonho Meu, As Noivas de Copacabana e Chiquinha Gonzaga, na TV Globo. Vale ainda lembrar de Essas Mulheres, Vidas Opostas, A Lei e o Crime e Ribeirão do Tempo, na Record.

Esse fluminense de Petrópolis começou escrevendo revistas de bangue-bangue para serem vendidas em bancas de revistas, lá pela década de 70. Talvez, nessa época, não imaginava a dimensão do longo alcance que seu trabalho teria. É um escritor muito conhecido no universo da ficção, que transita bem pela nossa realidade. A trajetória de suas obras parte da consciência, destacando-se a narrativa conflituosa entre familiares, instigando o drama existencial. Não sabemos se ele também inspirou-se em alguma das fragmentações humanas mencionadas na abertura dessa matéria para contextualizar seus inúmeros trabalhos. Na conversa com esse profissional, que é ousado em suas escritas, os “amigos imortais” exalta a dramaturgia brasileira, analisando os muitos gêneros que permeiam sua linguagem.

Blog - Escrever uma trama é sempre um desafio?
Marcílio Moraes
- Depende da proposta. Se você quer simplesmente repetir as fórmulas, nem chega a ser um desafio. Mas se quer tentar algo novo, aí é desafio mesmo, porque a telenovela é cruel com os erros de cálculo. O público vai embora.

Você tem preferência por escrever minissérie ou novelas?
Eu prefiro a minissérie, porque é um produto mais sofisticado em termos de dramaturgia. Também gosto das novelas, com a ressalva de que às vezes se estendem demais.

Qual a diferença entre os dois estilos?
Na minissérie, o autor tem a oportunidade de desenvolver uma dramaturgia mais apurada, porque, em geral, é uma obra fechada, ou seja, você escreve todos os capítulos antes da gravação. E também são poucos capítulos, permitindo ação mais condensada e eficaz. A novela exige uma dramaturgia diferente, por causa do tamanho, o que às vezes leva ao esgarçamento das tramas. A minissérie é um estilo de concisão, enquanto a novela é o reino da prolixidade.

Vocês autores se cobram e se sentem cobrados a fazerem coisas cada vez mais criativas?
Todo autor, creio eu, almeja sempre fazer obras originais, mais criativas que as antecessoras. Nem sempre consegue. É difícil acertar integralmente, em especial quando se tenta inovar. Daí, a tentação de repetir o que já deu certo outras vezes.

Em sua opinião, o que falta hoje na TV brasileira?
Em termos de dramaturgia, faltam tramas mais críticas. Há muita repetição e pouco apelo à inteligência dos espectadores.

E o que sobra?
Também em termos de dramaturgia, que é o terreno em discussão, sobra o rame-rame de sempre, a repetição de fórmulas, o deja-vú.

O Brasil é mesmo o país das telenovelas? Como explicar essa paixão do brasileiro?
Realmente somos o país das telenovelas. Alguns anos atrás, escrevi um artigo para o Estado de São Paulo chamado O país do folhetim: ttp://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=318ASP013 . Não creio que exista outro lugar em que todo o horário nobre da principal, quase monopolista rede de TV, seja ocupado por telenovelas. A TV Globo dominou a programação com este modelo. Hoje em dia é difícil escapar da chamada "programação horizontal". Concorrer com uma telenovela com outro tipo de programa é extremamente difícil, porque a novela está ali todo dia, durante meses, trabalhando com as técnicas folhetinescas sobre a curiosidade e também sobre a acomodação do público.

Você costuma viajar pela ficção como se fosse essa a realidade que a sociedade busca?
Não. Minha postura é sempre irônica e crítica. Gosto mais de tirar o chão do espectador do que oferecer um universo ficcional em que se sinta confortável.

Existe algum texto seu que, por um motivo ou outro, tenha sido engavetado? Existem alguns. Desde textos teatrais proibidos pela censura no passado a sinopses de novelas que não foram aceitas.

Ao acompanhar suas obras, percebe-se uma linguagem bem coloquial e irônica. A base disso está no cotidiano?
A novela tem que ter sempre uma linguagem próxima do coloquial. Quanto à ironia, acho que é minha marca registrada.

Do seu recente trabalho, “Ribeirão do Tempo”, qual foi o ponto de partida da pesquisa para a composição dos núcleos e dos personagens?
O ponto de partida? Difícil dizer. Não houve propriamente uma pesquisa. Eu quis construir uma cidade pequena, com tipos brasileiros, mais ou menos inspirados em pessoas que conheci ao longo da vida, mas sem nenhum compromisso de semelhança. E aí, a história, os núcleos e os personagens foram tomando vida. Inseri na trama os esportes radicais de que gosto e, brinquei com a cachaça porque sempre apreciei essa bebida.

Às vezes parece que é ficção e, de repente, vemos situações corriqueiras que nos cercam no dia a dia. É esta a proposta de Ribeirão do Tempo?
Não é a proposta. Como disse, não tive nenhuma preocupação com verossimilhança. Mas é bom quando acontece, ou seja, quando o espectador reconhece uma situação corriqueira naquilo que saiu unicamente da minha imaginação. O que não é de espantar, porque eu vivo no mesmo mundo do público.

O que você leva do Marcílio Moraes para os seus textos?
Acima de tudo, minha visão irônica da vida. Eu acredito que a vida não pode ser integralmente levada a sério. Pessoas que se levam muito a sério, frequentemente são perigosas. Por isso, meus personagens, a toda hora, se veem lembrados de que não são tão bacanas quanto se imaginam. Tiro humor disso.

Foto: Acervo do entrevistado