
"Cem anos depois, este mesmo povo vive em uma ilha onde só há pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material". Que raio de liberdade é esta que tira da senzala e joga à margem da sociedade? Tira do tronco e prende à soberba do capitalismo que impera até os dias atuais. O discurso que se ouve é: “O Brasil tem uma dívida com os afro-descendentes por ter sido o último país a lhe conceder a liberdade...” Pergunta-se de novo: “Por que não se paga a dívida? Estão esperando o quê? Saibam que o pagamento deve ser feito à vista, pois não há mais o que esperar. Não há prazo, nem parcelamento...
Não se paga uma dívida com palavras, mas sim com oportunidades para esse povo desfavorecido. Fazê-los obter espaço nas fatias do mercado, incluí-los nos mesmos espaços destinados aos de cor branca seriam algumas alternativas de reduzir os juros acumulados de anos e anos na conta desse povo. Direitos iguais e respeito à diversidade não existem, são mascarados. Chega a ser utópico pensarmos que existirão algum dia, se não exigirmos que isso aconteça, não com monumentos em homengem a nenhum líder da resistência negra, mas exigindo nossos direitos enquanto cidadãos que somos.
Em 13 de maio de 1888, tínhamos um sonho... “Eu tenho um sonho”. Continuamos sonhando. Hoje somos a maioria, segundo informações do IBGE. Vamos exigir de quem esse reconhecimento? De nós mesmos! Não se vive só de sonho, mas de realidade. E nossa realidade é agora, para que nossos filhos, netos, bisnetos, tataranetos... mas possam desfrutar dos nossos sonhos... 
